quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Textões e cineclubismo
(ou literatura e cultura cineclubista)

Na sequência da publicação de mais um artigo em meu blogue – e divulgação na lista nacional dos cineclubes – um velho amigo cineclubista me escreveu, debatendo alguns aspectos do texto. Seguiram-se algumas mensagens, como sempre, com argumentos e ideias, daqui e de lá. Comentei que achava que devíamos fazer esse debate de forma aberta, e ele me respondeu que achava que tinha pouco interesse, pois as pessoas estavam vendo o cineclubismo mais como um aspecto meio superado, um departamento muito específico de questões maiores, como as de gênero, religião ou mesmo do cinema brasileiro. E acrescentou também: “recebi uma mensagem privada dizendo que mensagens longas e "intelectualizadas" não serviam para nada a não ser deleite intelectual e estéril do autor das mesmas...” Daí, portanto, o textão.

Embora, evidentemente, não exista uma exegese mais precisa do textão – já que a ideia mesma repele a reflexão e apela para o senso comum – acho que podemos reconhecer que qualquer coisa que ultrapasse dois parágrafos, chegue perto do fim da página é, definitivamente, um textão. Então, vamos a ele, pelo menos no que se refere ao cineclubismo.

A ideologia do textículo

Citei essa associação: falta de interesse do cineclubismo e inutilidade de reflexões mais longas porque, ao contrário do meu amigo, acho que não são uma coisa de agora, dos últimos tempos ou dos novos tempos, mas uma velhíssima tendência obscurantista, anti-intelectual (intelectual no sentido de uso do intelecto, da inteligência, da reflexão). O fenômeno é bastante geral e recorrente, e manifesta-se de mil maneiras em formulações reacionárias ou populistas, que promovem a compreensão do mundo e das coisas em ideias simples e sem nuances. Curto e grosso. Geralmente estão associados ao racismo, ao preconceito, ao nacionalismo e à xenofobia: nós contra eles. Não são estranhas a uma polarização maniqueísta, burra mesmo, que muitos reconhecem atualmente nas chamadas redes sociais na internet.

Tais ideas procuram separar as abstrações do “intelectual” e do “homem comum”, restringindo este último a um espaço edênico de ignorância e felicidade determinadas pela Natureza ou pelo Criador. Ou, sob outro entendimento, mantendo-o nos limites da ignorância e da exploração por terceiros. Além de velha, essa ideia, que é também prática de solapa social, é bem generalizada. Hoje em dia, certamente se aproveita de alguns instrumentos da indústria de comunicação, como o twitter - e seu limite de mensagens de 140 caracteres (que estão pensando em mudar) - ou o instagram, que privilegia as imagens. Mas não sejamos reducionistas também aqui: esses mesmos meios servem para ampliar o universo de pessoas que se manifestam pela escrita e que, possivelmente, poderão acessar outros mecanismos e ambientes, explorando e se manifestando de formas mais elaboradas.

Ideias expressas de forma simples e curta, como quaisquer outras, têm sua função social disputada na arena da luta de classes: podem ser úteis para a emancipação ou para a domesticação; reduzir sempre as ideias, no entanto, a fórmulas simplificadas, aponta para a rasteirização, a ingenuidade, a subordinação – que propiciam o abuso. O slogan, por exemplo, termo sem correspondente em português, tem origem em formas de identificação clânica, militar (a palavra vem do gaélico e irlandês sluagh-ghairm  -sluagh "grupo armado” e gairm "grito"). É uma forma mnemônica simples que serve para angariar, arregimentar ou para controlar massas, plateias, para projetos também curtos e grossos, como toda a publicidade moderna, mas igualmente o facismo que, aliás, tem parentesco próximo com ela. Enfim, como todos sabem, a capacidade de interpretar um texto complexo é o parâmetro usado para medir o analfabetismo funcional – ou incapacidade de se situar e desfrutar plenamente do universo comunicacional social. O analfabetismo funcional atinge um percentual significativo dos povos: no Brasil, quase um terço da população; nos EUA, um quinto, e nos países nórdicos, um décimo.  O tema é vasto e merece uma reflexão mais ampla, mas meu textão aqui visa localizar essa questão no cineclubismo brasileiro.

A mensagem privada, que meu amigo não identificou, nem eu perguntei, lembrou-me algumas referências esparsas no facebook – que não raro funciona como ventilador de matérias fecais – mas em particular uma campanha contra textões estranhamente associada à divulgação de um desses circuitos de exibição que alguns produtores  andam organizando através de cineclubes. Eu disse “estranhamente associada” porque realmente uma coisa – textos extensos – não tem, em princípio, nada a ver com a outra: a organização de um circuito de exibição. Acredito que os promotores dessa associação já estivessem preocupados anteriormente com os tais textões, de forma que a mistura de uma coisa e outra meio que veio para demonstrar que uma iniciativa como aquela, do circuito, podia ser realizada sem um grande texto para ampará-la. Grande demonstração lógica: mostraram que era possível lançar um filme sem grandes temas, apenas com um sistema de inscrição de cineclubes numa lista ou sistema. Os circuitos comerciais fazem a mesma coisa toda semana, também sem grandes textos – no máximo umas imagens na tevê. E fazem isso há mais de um século. Isso me lembra a formação do circuito Cine+Cultura, há poucos anos, quando se combateu – e se acabou por eliminar – as atividades de formação, como o Manual do Cineclube e as oficinas, em favor dos aspectos funcionais do circuito de exibição formado pelos cines+.

Bom, muito cá entre nós (que ninguém nos leia!), acho que a mensagem privada enviada ao meu amigo e a campanha contra os textões têm a mesma origem, e acho que a identifico bem. Afinal, neste nosso meio cineclubista, não são muitos os textões, não é mesmo? E talvez sua autoria seja fácil de identificar. Em outras palavras, identificar os textões com uma pessoa. Ora, inversamente, os que insistem em combater esse autor passam também a ser provavelmente identificados sem dificuldade. Contribui ainda, para isso, o fato de que muitos outros cineclubistas já me falaram sobre recados privados que receberam para evitar o referido autor... de textões. Por isso, nem precisei perguntar. Bem, a esta altura, quantos leitores já entenderam tudo? Ah, e entre esses leitores com certeza estão os que fazem campanha contra textões: eles são dos primeiros a lê-los.

Bom, eu me identificaria como um autor de textões, se adotasse essa visão anti-intelectual. Mas não. Não meço minhas reflexões, como não pretendo medir meus leitores. Escrevo sobre cineclubismo desde meus 20 anos, nos anos 70, quando a maioria dos meus leitores ainda não tinha nascido (mas nem todos). Aprendi desde logo a escrever em diferentes registros, pois também tirei boa parte meu sustento, esses anos todos, da escrita: jornalística, de propaganda, mais recentemente, acadêmica; mas sempre, paralelamemte, militante e cineclubista. Os textos a que me refiro aqui, então, são estes últimos. Militantes, porque são os escritos voltados não para o público dos cineclubes (o que também faço muito), mas para os cineclubistas militantes, já bem comprometidos com o cineclubismo, ou para dirigentes de cineclubes. São textos em que procuro passar minha própria experiência, recuperar a memória da experiência histórica cineclubista, avançar proposições ou analisar e criticar posturas de que discordo. Textos que têm uma forma despretensiosa de pretensão: a de suscitar questionamentos, reflexões, que possam animar, transformar, enriquecer a prática dos cineclubes. Nada disso se faz de forma superficial ou breve. Só de ma fé - com a intenção de neutralizar as idéias sem efetivamente considerá-las - ou com o preconceito de que os cineclubistas não são, de alguma forma, capazes, é que se imagina que isso não interessa aos cineclubistas.

Cineclubismo e literatura

Na verdade, o cineclubismo é muito próximo da literatura, da cultura escrita. Nosso companheiro estudioso do cinema e do cineclubismo, Gabriel Álvarez Rodríguez, sempre destaca a relação entre o cineclubismo, a escrita e as publicações, explorando, por exemplo, a influencia da Gaceta Literária espanhola, nos anos 20, sobre os primeiros cineclubes hispânicos[i]. Como se preciso fosse lembrar que ainda muitos repetem que o cineclubismo surgiu com a revista Ciné-Club, de Louis Delluc, e tantas que se seguiram – como destaca Christophe Gautier em seu formidável La Passion du Cinéma[ii]. No Brasil, Diogo Gomes dos Santos identifica as origens mais remotas do cineclubismo com a Turma do Paredão[iii], que logo se espalharia pelas colunas de cinema de diferentes revistas, para voltar a se reunir em Cinearte. Mas e O Fã, primeira revista realmente de crítica cinematográfica, na realidade o boletim do Chaplin Club? E, se não bastasse a proximidade ou origem dos fundadores do Clube de Cinema de São Paulo com a revista Clima, poderíamos lembrar como o cineclubismo dos anos seguintes esteve diretamente ligado à propagação da crítica e de uma literatura de cinema em todas as regiões do País. Se considerarmos a cultura cinematográfica brasileira no sentido de um acervo de expressão literária – que certamente é uma de suas dimensões, ainda que eu pense que não a única e nem mesmo a principal – os cineclubes fazem parte substancial de sua origem e disseminação. A quase totalidade dos movimentos renovadores na história do cinema surgiu dos ambientes cineclubistas e da reflexão escrita, publicada em livros e revistas – especialmente em publicações cineclubistas. O cineclubismo não está apenas associado à criação de uma crítica moderna – basta lembrar André Bazin (em seus ensaios e nos Cahiers du cinéma) ou Paulo Emílio Salles Gomes n’O Estado de São Paulo – mas igualmente encontra-se na origem dos cursos universitários de cinema em todos os países. E isso é apenas um sobrevoo rápido; falar mais em profundidade sobre literatura cineclubista é assunto para outro texto. Que virá.

A militância nunca esteve longe dessa literatura, seja na defesa sistemática de novas abordagens do cinema, geralmente ligadas à valorização do público (mesmo se, muitas vezes, de forma paternalista), seja no embate direto com outras vertentes do cinema ou do próprio cineclubismo. No caso do Brasil, podemos lembrar a defesa dos valores do cinema mudo pelo Chaplin Club, nas páginas de O Fã – de resto como se dava um pouco em toda parte com o advento do filme sonoro. Mas também a discussão entre cineclubes católicos – com abundante literatura - e laicos, que marcou os anos 50 e a criação das entidades regionais e nacional dos cineclubes. Nos anos 70, em que eu já participava, os cineclubes mantinham uma extensa literatura, dos boletins de cada entidade às publicações do CNC, onde se debatiam desde propostas de gestão da Dinafilme até concepções do mundo, passando, naturalmente, pelas análises de filmes. Vários cineclubistas, de ambos os lados da celeuma, eram bem conhecidos na época. Digladiavam-se em torno de idéias como a do nacional-popular de Gramsci contra o internacionalismo proletário encarnado em Trotski. Essas ideias serviam para embasar a defesa do cinema brasileiro, por um lado (e a exibição de filmes de Mazzaropi, por exemplo), e um cinema revolucionário puro, geralmente identificado com os clássicos do cinema soviético. Influíam no cotidiano do movimento, por exemplo na montagem e seleção de acervos regionais de filmes para distribuição da Dinafilme. Nessa época o Cineclube da Fatec publicou meu primeiro texto realmente grande: um modesto livreto de umas 80 páginas com a primeira história do cineclubismo no Brasil[iv]. Não creio que exista uma relação tão direta, mas é certamente uma associação que me ocorre, lembrar que a decadência e morte do cineclubismo organizado, naquela época, foram acompanhadas também de uma onda anti-intelectual, contrária a debates, e do fim das publicações em geral a partir da metade da década de 80.

Hoje

Meus amigos estranham que eu escreva tanto sobre cineclubismo. Ou mais especificamente para cineclubistas, ainda mais agora que estou inserido numa respeitável instituição acadêmica que me cobra textos alinhados aos seus cânones. Pouca gente – nem o amigo missivista que citei – acredita que esses textos sejam lidos. Como inegavelmente o movimento cineclubista no Brasil – e no resto do mundo – anda meio irrelevante socialmente, isto é, não tem participação nem manifesta posição em qualquer questão importante da sociedade ou da cultura, muitos associam essa “invisibilidade” com a inexistência do movimento social e cultural que é o cineclubismo.

É da lógica das instituições hegemônicas – de que se contaminam as opiniões privadas, que hoje se irradiam acriticamente, de forma simples e tosca, pelas chamadas redes sociais, colocando a noção de senso comum de Gramsci num outro patamar – selecionar ideologicamente o que deve ser divulgado e promovido, tal como o que precisa ser censurado e obliterado. Raramente os cineclubes superaram essa barreira e, quando o fizeram, expressavam geralmente posturas elitistas e conservadoras. No entanto, desde que existe o cinema, os cineclubes nunca deixaram de, senão produzir, ao menos ajudar a colocar em circulação, além de filmes, ideias e propostas para o avanço do público e da sociedade. Embora, ao contrário das definições correntes de cultura e tradição popular, geralmente identificadas com as formas orais, o cineclubismo, evidentemente, se reconheça no cinema e no audiovisual (e, como mostrei acima, também bastante na literatura), tal como a sabedoria popular, este elabora, transmite e reproduz uma cultura própria, fora dos ambientes e práticas dominantes.

Em outras palavras: os cineclubistas estão lendo e escrevendo – e penso que, quantitativamente, atualmente mais que em qualquer outro momento histórico, pelo menos no Brasil. Em minha experiência pessoal, frequentemente sou procurado por estudantes e pesquisadores de todas as regiões do País envolvidos com trabalhos e pesquisas sobre o nosso campo e trabalho. Meu blogue é acessado de dez a vinte vezes por dia em média e, em 8 anos, foi visto por quase 23 mil leitores. Não é muito, se comparado à Lady Gaga ou a certos gatinhos engraçadinhos mas, considerada a complexidade da leitura, é um número respeitável. Poucos filmes brasileiros tiveram esse público nos últimos anos. A média de acessos salta para números bem mais elevados quando “lanço” algum texto novo e o anuncio no facebook ou na lista de discussão dos cineclubes. Também em outros espaços de intercâmbio de textos, como o Academia.edu ou motores de busca, como Google Scholar, mais acadêmicos, tenho tido acessos sistemáticos e mais citações do que eu imaginava. A lista tradicional de comunicação entre cineclubistas, cncdialogo@yahoogrupos.com.br, de 2004 até hoje teve um tráfego de mais de 37 mil mensagens. Mesmo que uma pequena percentagem delas se constitua de debates, também somam muitos milhares. A lista mantém estável um número de assinantes sempre em torno de 1.200 pessoas: não são leitores de palavras cruzadas, mas gente interessada, quase sempre envolvida de alguma forma com uma prática cultural organizada em torno do audiovisual. E isso sem contar outras listas, como as criadas durante as oficinas do programa Cine+Cultura, com muitas centenas de participantes, cujo acesso e avaliação foram apropriados indevidamente e privatizados por um certo grupo.

Mas o melhor indicador para essa produção intelectual é o número de trabalhos acadêmicos: algumas teses de doutorado, várias dissertações de mestrado, incontáveis artigos em revistas universitárias e capítulos de livros coletivos, bem como apresentações em colóquios, a que se somam os trabalhos de conclusão de curso e, last but not least, os textões deste escriba, que fogem um pouco desses formatos mais institucionais, ainda que os pratique de quando em vez. Com extensão mais variada e profundidade idem - já que muitos voltam-se apenas para a divulgação – há ainda um número significativo de blogues e “páginas” de cineclubes e práticas congêneres. Acredito que nunca se escreveu tanto sobre cineclubismo como se faz atualmente – neste século – no Brasil. Penso também que esse fenômeno é possivelmente exclusivo do nosso País, embora haja muitos trabalhos em outros idomas, de outros países, mas em nenhum caso com o volume e a concentração que se vê nesse período em nossa terra.

É curioso que essa atividade se faça, de certa forma, “fora” do movimento cineclubista, restrita aos meios de divulgação institucional do ambiente acadêmico e sem influenciar, aparentemente, as escolhas políticas que se apresentam hoje para os cineclubes brasileiros. Creio que isso se explica em parte pela especialização elitista que caracteriza em boa medida – e também atrapalha bastante seu próprio  desenvolvimento – a produção acadêmica. O isolamento dessa produção confirma a dissociação da maioria dos autores das atividades cineclubistas propriamente ditas, já que geralmente não há “vulgarizações” desses textos. Mas, seguindo o cânone acadêmico, cada vez mais esses textos dialogam entre sí, isto é, são citados reciprocamente. O que já é muito positivo.

Mais importante, porém, me parece o fato de que essa produção está refletindo um impacto do cineclubismo na história e na sociedade brasileiras, que começa a ser reconhecido, a “existir” institucionalmente, a partir desses textos. Consequentemente,  de alguma forma essa reflexão deverá retornar para o movimento, alterar e enriquecer seu nível de autoconsciência; indispensável, por sua vez, para que os cineclubes voltem a ter um papel na sociedade. De fato, assim como é parte do éthos cineclubista a abolição do espaço hierárquico entre a obra cinematográfica e o público, também precisamos, diante dessa produção acadêmica sobre o cineclubismo, promover a sua apropriação pelo público. Isto é, apropriar-se desses textos e reinformá-los, estabelecer o diálogo entre eles e a prática cineclubista. Pretendo consolidar em breve uma primeira listagem desses trabalhos para acesso dos interessados. De qualquer forma, num momento que penso ser de indiscutível refluxo enquanto movimento organizado, o cineclubismo brasileiro parece estar refletindo e acumulando forças para um possível retorno amadurecido.

Por isso mesmo é fundamental denunciar e combater os obscurantistas, os anti-intelectuais que, depois de terem contribuído fortemente para o recuo do movimento, não satisfeitos, perseguem qualquer sinal de vida e inteligência que, independentemente dessas insídias, continuam a germinar e florescer nos interstícios do cineclubismo, na consciência do público.

Felipe Macedo

Setembro de 2017, em Montreal.




[i] ÁLVAREZ, Gabriel Rodríguez. S.d. Contemporaneos y el Cineclub Mexicano: Revistas y cine clubes, la experiencia mexicana. México : Universidade Nacional Autônoma do México.
[ii] GAUTIER, Christophe. 1999. La passion du cinéma. Cinéphiles, ciné-clubs et salles spécialisées à Paris de 1920 à 1929. Paris : AFRHC
[iii] Diogo Gomes dos Santos escreve em http://diogo-dossantos.blogspot.ca/. A turma do Paredão era a alcunha do grupo que reunia Adhemar Gonzaga, Álvaro Rocha, Paulo Vanderley, Luís Aranha, Hercolino Cascardo e Pedro Lima.
[iv] MACEDO, Felipe. 1982. O Movimento Cineclubista Brasileiro. São Paulo: Cineclube da FATEC.